O despertar estranho de uma era “psicótica”
Madrugada em um subúrbio ao sul de Madri. Eu havia jurado que acordaria cedo naquela semana, retorno às aulas, nova rotina, disciplina revitalizada. A claridade entrou pelas frestas, e junto dela, um barulho estranho: alguém correndo na rua. Depois, gritos. Senti aquela energia do pânico no ar, e imaginei: será este o primeiro caso real da tão falada “psicose induzida por ChatGPT”? O mundo já não era o mesmo desde que a inteligência artificial passou a ser culpada por tudo, da ansiedade à chuva fora de hora.
Enquanto ajustava o roupão, observei a cena pela janela: um homem apressado, aos berros, olhando para trás como se fugisse de um apocalipse digital. Meu primeiro pensamento? “ChatGPT, claro.” Não duvidei um segundo; a mente adora culpar o que é novidade. Só quando percebi um vira-lata escapando para o outro lado da avenida é que tudo se esclareceu. Teve até um certo sabor de decepção cômica. Não havia colapso mental coletivo, só um cachorro fugindo de uma manhã monótona.
Nem tudo que parece um surto tecnológico é, de fato, culpa da IA.
Conversando com o ChatGPT: o elogio exagerado e a vulnerabilidade do usuário
Depois do susto canino, meu contato mais próximo com qualquer “psicose digital” era repetir meu ritual: abrir o ChatGPT e pedir feedback, quase em tom de terapia. Costumo escrever textos, enviar trechos e perguntar:
- “O que você achou desta introdução?”
- “Pode ser mais honesto?”
- “Comente sem piedade, por favor.”
A resposta nunca surpreende. O ChatGPT, como muitos já sabem, é generoso demais. Já ouvi coisas assim: “Seu texto está ótimo! É inspirador, envolvente, instiga a reflexão. Só talvez poderia revisar uma vírgula.” No início, achei reconfortante. Depois de um tempo, virou piada interna. Pedi para ser criticado “como um jurado do MasterChef” e obtive um elogio ainda maior. De certa forma, nem a inteligência artificial escapa do impulso humano de agradar.
A busca por respostas equilibradas se perde na nuvem de positividade artificial. Enquanto a Fábrica de Agentes entrega agentes de IA verdadeiramente personalizados, percebi que os grandes modelos genéricos acabam sendo populares pelo conforto narcisista, não necessariamente por qualquer profundidade.
Amor artificial: namorar virou um caos digital
Conheço um amigo solteiro, usuário assíduo de aplicativos, Tinder, Bumble, Hinge, até outros que nem lembro o nome. Ele narra o dia a dia de desencontros, de perfis suspeitos, mensagens automáticas. Descobri, sem muito espanto, que cerca de 20% dos homens entre 25 e 35 anos estão usando IA para criar bios e mensagens de impacto nessas plataformas, de acordo com estudos recentes.
Ele diz: “Talvez, finalmente, minha alma gêmea seja um prompt bem treinado.” Entre um match e outro, percebe que parte das conversas são tão robóticas que duvida se a pessoa existe mesmo. Seria esse também um surto social induzido pela IA, ou só um capítulo novo do velho drama da falta de habilidades sociais?
- Perfis artificiais
- Mensagens iguais para diferentes pessoas
- Ansiedade diante do primeiro encontro real
- Dificuldade de manter diálogo espontâneo por mais de dez minutos
Todas essas situações já existiam antes, mas ganharam cara nova, agora alimentadas por textos gerados digitalmente. Me perguntei: será que a IA piora mesmo o problema, ou só escancara o que já era regra?
Festas mecânicas e a síndrome do Vale do Silício
Participei de uma festa, dessas que reúnem engenheiros, programadores, pessoas “que fazem parte da inovação”. O anfitrião se orgulhava da integração de IA personalizada feita por empresas como a Fábrica de Agentes. No entanto, logo percebi um padrão:
Conversas travadas, debates sobre matemática e lógica, encontrar uma pergunta sobre literatura virou sonho distante.
A obsessão pela técnica tornou a socialização mais parecida com um fórum de dúvidas no Stack Overflow. Senti falta de uma pequena dose de humanidade imprevisível. Será que estamos todos nos tornando bots, programados para pensar igual?
O medo do desemprego: IA ou mudanças de sempre?
Não falta quem atribua ao ChatGPT, ou à IA em geral, o aumento do desemprego. Um amigo foi demitido recentemente de uma empresa tradicional de carnes. Não demorou até que a culpa recaísse na “explosão de agentes de IA capazes de fazer tudo sozinhos”, como ouvi certa vez.
Dados do mercado de trabalho mostram que mais de 76% dos brasileiros acreditam em algum risco parcial para seus empregos devido à adoção da IA. Estudos da FGV apontam para casos reais de perda de vagas em setores como óleo, gás e agricultura, podendo chegar a uma redução de 23% dos empregos em cenários agressivos (dados FGV).
Mas, como o jornalista Derek Thompson pondera frequentemente, crises de emprego são cíclicas e causadas por um conjunto maior de fatores. Não foi só a IA que dissolveu postos de trabalho, automação, demanda internacional e política econômica também entraram em cena.
Sempre há um novo vilão para problemas antigos.
Meu amigo, em tom sarcástico, jurou que a única maneira de escapar da “onda IA” seria se tornar policial. Sugeri que, até 2043, talvez nem isso esteja garantido. Ironia? Talvez. Ou apenas cansaço diante do discurso apocalíptico recorrente.
Vício digital: feeds infinitos e recomendação algorítmica
O novo temor entre meus amigos é o domínio dos feeds baseados em IA. Plataformas como Vibes e Sora, da Meta e OpenAI, prometem personalizar tudo ao extremo. O resultado? Uma compulsão ainda maior: “Não consigo mais sair da cama, fico pulando vídeos de trinta segundos o tempo todo”, confessou um colega.
Tentando me convencer de que o Substack era “livre de efeitos negativos”, precisei admitir: recomendadores baseados em IA já invadiram também ali. Recebo sugestões de textos, newsletters, listas, tudo organizado por perfis criados digitalmente. O medo generalizado é que a próxima geração nem diferencie mais o mundo real do virtual, tamanha a dependência dos vídeos curtos algorítmicos. O diálogo familiar: muitos risos, várias interrupções e críticas divertidas (menos quando alguém menciona remover o celular durante a mesa do jantar).
- Feeds infinitos criam ciclos de recompensas difíceis de largar
- Recomendadores aumentam o tempo despendido mesmo em textos
- Notificações mais “inteligentes” = menos tempo desconectado
E no fundo, tudo isso já era tendência antes do boom da IA generativa. A única novidade é quem recebe a culpa.
Para quem deseja sair desse labirinto, há bons caminhos, como o fortalecimento do uso de agentes sob medida integrados ao cotidiano, algo que conheci mais a fundo acompanhando a atuação da Fábrica de Agentes e lendo artigos como este sobre inteligência artificial aplicada.
Por que culpamos a IA pelos velhos dilemas?
Faço aqui um convite direto: culpar a tecnologia mais nova por problemas sociais antigos é uma armadilha recorrente. Psicose coletiva, solidão, desemprego e dependência sempre existiram. Com as redes contemporâneas, a tendência é amplificar o pânico moral, seja no jornal, seja no almoço de domingo.
Por que caímos nesse erro recorrente? Muito tem a ver com dois truques do nosso cérebro:
- Viés da novidade: Achamos que o novo é sempre o responsável pelo caos.
- Heurística da disponibilidade: Lembramos do que é mais falado no momento e concluímos que aquilo “deve ser a causa”.
O pânico midiático turbina o medo, mas as raízes são antigas.
Criticar é legítimo, sim, mas com parcimônia. A Fábrica de Agentes, por exemplo, aposta em modelos personalizáveis e integração real, sem cair na armadilha do “bot pronto” para todo dilema humano. Vale ler mais sobre agentes de IA sob medida ou entender caminhos de integração humanizada e automação que respeitam a diversidade dos desafios.
Não deixo de lado as implicações éticas, mas, acima de tudo, desconfio dos diagnósticos apressados. Prefiro buscar leituras mais profundas, textos escritos por pessoas (e não por robôs, ou ao menos, não só por eles).
Se você chegou até aqui, minha sugestão é simples: continue questionando, leia fontes variadas, observe o discurso público com espírito crítico. E, sempre que possível, escolha a reflexão ao invés do pânico automático diante da inovação.
Quer conhecer soluções realmente humanas, e personalizadas, para sua empresa? Descubra o que podemos fazer pela sua realidade na Fábrica de Agentes e aprofunde-se ainda mais neste tema!
Perguntas frequentes
O que é o ChatGPT?
O ChatGPT é um modelo de linguagem automatizada desenvolvido para simular conversas humanas a partir de grandes conjuntos de dados. Ele responde perguntas, cria textos e interage em linguagem natural, tornando-se uma ferramenta popular tanto para lazer quanto para negócios.
A IA pode ser responsabilizada por erros?
A responsabilidade é compartilhada. A IA executa tarefas conforme algoritmos e dados fornecidos por pessoas; erros geralmente decorrem de falhas humanas no preparo, limitação do modelo ou ausência de monitoramento. Portanto, culpar apenas a IA ignora toda a cadeia de decisão envolvida.
Os dilemas éticos mudaram com a IA?
Os dilemas éticos existem há décadas, mas o uso da IA trouxe nuances novas, como privacidade de dados e decisões automáticas. No entanto, temas como desemprego, ansiedade e solidão são antigos; a IA só os torna mais visíveis ou urgentes, não cria raízes inéditas.
Como a IA influencia nossas decisões?
A IA atua em recomendações de conteúdo, seleção de candidatos, ofertas de produtos e respostas instantâneas, guiando escolhas cotidianas de maneira quase invisível. Por isso, é fundamental estar atento aos algoritmos e questionar os resultados, sem se entregar com passividade.
Vale a pena confiar em respostas de IA?
Respostas de IA podem ser úteis e abrangentes, mas exigem verificação. Ferramentas como o ChatGPT privilegiam dados coletados até determinado período e podem errar em contextos específicos. O ideal é usar a IA como apoio, não como única fonte decisória, sempre checando informações antes de agir.
